Sistema de crenças VII
Autossabotagem
A solução do problema das
condições de vida dos pobres envolve dois passos. A questão é que até hoje a
humanidade não decidiu fazer o que é preciso fazer. A mesma coisa vale também
para a classe média, no tocante às pessoas que tem dificuldade para sobreviver economicamente.
Primeiro a educação e o
conhecimento. Nós incentivamos a criação de bibliotecas particulares
circulantes. Em cada rua deveria haver grupos de estudos de sociologia,
economia, história, mitologia, etc. As pessoas se reuniriam nas casas para
estudar e trocar opiniões. Os livros circulariam nestes grupos e também de
forma aberta para todos os interessados. Lembrando que o custo de livro num
sebo é plenamente viável para um grupo adquirir. E os meus livros são doados
integralmente. Sem conhecimento não há possibilidade de independência seja ela
qual for. E não se pode depender de ninguém para se conseguir isso. É preciso
investir tempo na aquisição de conhecimento. Um único livro fará uma enorme
diferença na vida da pessoa. Não importa a cidade que seja, nem o bairro que
seja, nem o jardim que seja, é possível que as pessoas se reúnam para estudar.
É preciso querer progredir e agir para isso. Esses grupos também podem ser de
ajuda mútua. Todos têm conhecimento que pode ser útil para os demais e podem
ajudar-se mutuamente. Um mecânico pode consertar o carro sem cobrar e um pintor
pode pintar a casa sem cobrar. E assim por diante. Bastaria que todos se
ajudassem que tudo seria resolvido. É preciso que algumas pessoas comecem a
fazer isso para que os demais vejam que funciona.
Segundo, a questão de morar e
trabalhar. Faz um século que existem os kibutz em Israel. São comunidades onde
vivem e trabalham. Qualquer grupo de pessoas pode fundar uma comunidade. Em
termos jurídicos é uma cooperativa. Isso pode ser feito tanto na cidade como no
campo. Um sítio ou uma fazenda dependendo do tamanho da comunidade é
absolutamente possível. Tudo é uma questão de planejamento e execução. Todos
viveriam em comum unidade. Como os cristãos faziam no início. Os tupinambás já
faziam isso em 1500 quando os europeus chegaram aqui. Tinham comunidades de 300
pessoas que funcionavam perfeitamente. Portanto, não estamos falando de algo
utópico. É algo perfeitamente possível do ponto de vista técnico/econômico/financeiro.
O ponto é se as pessoas têm vontade de fazer isso. Numa comunidade é preciso
pensar coletivamente. Não é possível deixar a torneira aberta gastando água,
nem pegar comida demais que depois é jogada fora. É preciso ter o pensamento
voltado para o bem da comunidade. Pessoas que já chegaram num determinado
estágio de evolução conseguem fazer isso. Uma comunidade não é uma cidade
normal onde cada um vive por si. Algumas pessoas irem morar numa determinada
cidade e construírem suas casas lá não faz disso uma comunidade. Neste caso é
normal termos casas simples ao lado de casas enormes e outras pessoas que nem
casa tem. Ou estão com extrema dificuldade de sobreviver. Isso não é uma
comunidade. Isso é a mesma coisa que a vida competitiva na cidade. Não é mudar
para o campo levando o mesmo paradigma. Como também não basta comprar uma
fazenda e construir as casas nela. Se não houver a intenção e organização de
viverem em comunidade, ajudando-se, produzindo e vivendo da forma mais autônoma
possível, isso não funcionará. Essa intenção é que até agora não houve na
humanidade, com algumas exceções. Nunca esquecer que John Nash provou que isso
é possível.
Portanto, existe solução para as
condições de vida sub-humana da maioria da humanidade. Sempre sobra a questão
da autossabotagem. Será que as pessoas querem dar esse salto evolutivo?