Sistema de Crenças VI
Quando se tira do contexto uma
frase o objetivo se perde. Numa palestra de 3 horas de duração existe início,
meio e fim. Num trabalho com até agora 68 dvds a mesma coisa acontece. É por
isso que pedi várias vezes que não mexessem no conteúdo dos dvds.
Com relação ao trabalho, com o
comprometimento com o trabalho, com o trabalho em primeiro lugar, para as
pessoas que estão carentes de recursos ou que ganham pouco, o que falei foi: se
convidarmos pessoas que não ganham quase nada ou não ganham nada, uma boa
parcela dirá que não pode trabalhar num sábado ou domingo ou feriado ou de
noite, porque tem outros compromissos, como festas, jogos, divertimentos, etc.
A questão é simples: num planeta
em que 2 bilhões de pessoas ganham menos que 2 dólares por dia de trabalho,
como essas pessoas sairão desta situação? Quantas pessoas ganham salário
mínimo? Em que condições de moradia, saúde, educação, etc. estão? Como resolver
a questão da qualidade de vida destas pessoas?
Vamos usar uma terminologia
antiquada: como resolver a questão da qualidade de vida do proletariado? Ou a
humanidade deve continuar do jeito que está, onde a extrema minoria tem toda a
renda?
Sugiro a leitura do livro “O
preço da desigualdade” de Joseph E. Stiglitz, Nobel de Economia de 2001.
O problema do comprometimento com
o trabalho existe em todas as classes sociais. Desde os mais pobres, a classe
média e a classe A. Em todas as classes a questão de trabalhar mais e mais é o
problema. Quando a escravidão foi abolida no Brasil falou-se que as
consequências disto seriam sentidas por séculos e que teria de haver um
tremendo esforço de educação para superar os problemas dos escravos. Isto quer
dizer: estudar dia e noite sem parar. Quanto custa um livro num sebo? Livros
que mudam a visão de mundo da pessoa? 5 reais, por exemplo. No meu caso os
livros dão doados gratuitamente, nem o correio pagam. Sem estudar dia e noite
como se sairá da pobreza e da miséria?
Vejam o que fala o historiador Eric
J. Hobsbawm no livro “A era das revoluções” 1789-1848, pagina 46, sobre a
revolução industrial na Inglaterra: “Temores sociais desencorajavam a educação
dos pobres.”.
Os pobres não recebiam a educação
que precisavam, pois poderiam exigir reformas socais. Por exemplo. A
independência de uma pessoa só pode vir da educação desta pessoa. Qualquer
outra forma é precária e não dura. Somente com conhecimento é possível
progredir. E vocês sabem que conhecimento é poder.
A pessoa que queira ser independente,
seja ela pobre, média ou rica, depende de si mesma para conseguir isso. E para
isso é preciso estudar e trabalhar muito. Perder tempo com drogas, álcool,
festas, etc., é fuga da realidade. A realidade é dura e crua neste planeta? É.
Basta ver a miséria em que vive a maioria dos humanos. Ou já nos acostumamos
com isso? Já nos acostumamos com o franco-atirador na Síria que matou uma
menina de 4 anos? Ou a mutilação das
mulheres? Já estamos tão insensibilizados que não sofremos mais com o
sofrimento alheio? Não importa que a maioria viva em guetos alheios ao
progresso de alguns? Que não tenham recursos de espécie alguma? Que levem uma
vida em profundo desespero silencioso? Como disse Thoreau!
Quando a classe média começa a
ter problemas financeiros o que ela deve fazer? Trabalhar mais. O que é
economia? Trabalhar duro, poupar e viver frugalmente. Não existe outra fórmula
para ser independente. É difícil ouvir isso? É, mas essa é a realidade.
Gastar mais do que se ganha, não
poupar, não fazer o máximo possível no estudo e no trabalho é simplesmente
cultivar ovos de serpente. Vejam o filme “O ovo da serpente”, de Ingmar
Bergman. Podem ter certeza de que do ovo sairá um réptil. E já falei n vezes
sobre o cérebro reptiliano. O complexo-R.
Portanto, a regra vale para todo
mundo: pobres, médios e milionários. É preciso trabalhar mais. Colocar o
trabalho em primeiro lugar na lista de valores da pessoa. E estudar sem parar.
Depois que a pessoa tiver condições dignas de um ser humano ela poderá pensar
em outras coisas.
Quando começa a auto sabotagem
ela é resistência à que? Ao crescimento em todas as áreas. A pessoa sabe que o
crescimento levará a mais crescimento e resiste a isso. Quer ficar na zona de
conforto, por mais desconfortável que seja. Até que esteja correndo o risco de
passar fome ou morar na rua. Nesse ponto resolve agir, mas ai a coisa é muito
mais complicada. São as crenças contra o trabalho que geram a pobreza. O
trabalho visto como castigo, em vez de oportunidade de crescimento pessoal.
Todos temos o dever de crescer e evoluir o máximo possível. Quando se fala o
máximo possível é exatamente isso que se está dizendo. Não é um pouco ou mais
ou menos. É o máximo que a pessoa conseguir. Dia e noite. Todos os dias do ano.
Os povos que não aceitam isso
vivem às custas de outros fazendo dívidas que não pagarão nunca. Um país fez
uma dívida externa em 1824 e só começou a pagar em 1870. E isso é crônico. A
mesma coisa acontece com as pessoas. Em 1690 falou-se pela primeira vez que “crédito
é dinheiro”, na bolha daquele ano. Toda bolha é construída com créditos dados
àqueles que não podem paga-los. E isso acontece bolha após bolha. No momento o
mundo está começando a ver as consequências da bolha de 2008. “Crédito não é
dinheiro, crédito é dívida”. Lembram-se da pessoa que não sabia disto e que
agora está com profundos problemas financeiros?
Esse é o tipo do conhecimento que
todos teriam de ter: crédito é dívida. Esse é o conhecimento que traz poder.
Que liberta!
Portanto, a questão não é se o
pobre vai na festa! A questão é a maioria da humanidade que não põe o trabalho
em primeiro lugar. Sejam de que classe forem.
Em tempo: Foi colocado na rede um vídeo com o título “Reprogramação”.
Este trabalho foi colocado sem minha autorização e não pode ser usado de forma
genérica.